O Governo dos EUA tinha decidido não pedir a pena de morte por essa grave violação do código militar, mas solicitou a prisão perpétua, por ter posto em mãos do inimigo informação sensível através da WikiLeaks
A defesa do soldado norte-americano Bradley Manning, acusado de uma massiva divulgação de documentos classificados à WikiLeaks, começou as suas alegações finais na segunda-feira, centradas na saúde mental do jovem e em falhas na cadeia de comando.
O ex-analista de informações, que incorre numa condenação máxima a 90 anos de prisão, vai fazer uma declaração ao tribunal na quarta-feira, indicou na terça-feira o seu advogado, David Coombs.
O comandante da brigada em que Manning estava colocado no Iraque, o coronel David Miller, declarou na terça-feira que a unidade foi deslocada em finais de 2009 com escassez de analistas de informações.
Miller assegurou que não se deu conta até maio de 2010, depois da detenção do jovem, de que este tinha desordens emocionais e que, numa reunião de trabalho, tinha tido um acesso de fúria e atirado uma mesa ao ar.
“Que um soldado atire uma mesa ao ar não é algo que suba” a um nível elevado de comando da brigada, disse Miller. “Há toda uma série de comandos intermédios que podem lidar com isso”, acrescentou o comandante.
Durante o julgamento, os advogados defensores descreveram Manning como uma pessoa ingénua, mas bem-intencionada, que além do mais estava com problemas de definição de personalidade sexual, quando chegou ao Iraque em 2009.
A defesa procurou demonstrar na segunda-feira que os comandantes do Exército não detetaram os traços de personalidade que poderiam ter feito de Manning uma pessoa desadequada para servir como analista de informações no Iraque.
Em finais de julho, a juíza do caso, Denise Lind, considerou Manning não culpado da acusação mais grave, o de “ajuda ao inimigo”, por passar documentos classificados para a Wikileaks, mas foi acusado de vinte outros itens.
O Governo dos EUA tinha decidido não pedir a pena de morte por essa grave violação do código militar, mas solicitou a prisão perpétua, por ter posto em mãos do inimigo informação sensível através da WikiLeaks.
Durante o julgamento, a acusação chegou a apresentar provas de que nas buscas à casa onde se escondeu o líder da al-Qaida, Osama bin Laden, no Paquistão, as forças especiais que assaltaram o edifício encontraram informação revelada pela WikiLeaks.
O complexo processo a Manning é o primeiro desde a guerra civil norte-americana (1861-1865) em que se procura punir um acusado de “ajuda ao inimigo” por transmitir informações e tem sido seguido com grande interesse pelo WikiLeaks, que receia que esta seja uma tentativa de levar depois à Justiça norte-americana o seu fundador, o australiano Julian Assange.
A fase final para divulgar a sentença começou a 31 de julho com as alegações da acusação, enquanto que a defesa começou a apresentá-las na segunda-feira, prevendo-se que acabem a 16 de agosto, sendo o veredito da juíza esperado para o final do mês.
Link : http://www.ionline.pt/artigos/mundo/defesa-soldado-manning-comecou-apresentar-alegacoes-finais
Nenhum comentário:
Postar um comentário