O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursa sobre o Egito em Chilmark, no estado de Massachusetts (AFP, Jim Watson
WASHINGTON, District of Columbia — O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou "energicamente" nesta quinta-feira a violência no Egito, que deixou mais de 600 mortos.
Obama também anunciou o cancelamento dos exercícios militares conjuntos EUA-Egito e alertou que o país está em "um caminho muito perigoso". O presidente interrompeu suas férias de verão, em Martha's Vineyard (Massachussets, nordeste), para falar desses últimos acontecimentos.
Embora a violência "coloque em risco elementos importantes" da cooperação, o secretário da Defesa dos EUA, Chuck Hagel, afirmou que o governo "manterá" suas relações militares bilaterais. Os EUA concedem US$ 1,3 bilhão por ano em ajuda militar ao Egito. Já o Departamento de Estado pediu aos americanos que não viajem para o Egito e, aos que estiverem nesse país, que saiam imediatamente.
Na quarta-feira, o Egito viveu o dia mais sangrento de sua história recente, que deixou quase 600 vítimas fatais. Pelo menos 300 pessoas morreram durante a ofensiva militar e policial contra os simpatizantes do ex-presidente islâmico Mohamed Mursi, deposto pelo Exército.
O presidente francês, François Hollande, afirmou "que se deve fazer todo o possível para evitar a guerra civil" no Egito, de acordo com a nota divulgada pela presidência francesa. Nesta quinta de manhã, o embaixador do Egito em Paris foi convocado pelo governo.
"A França está comprometida com encontrar uma solução política e deseja que eleições sejam organizadas o quanto antes, conforme os compromissos assumidos pelas autoridades egípcias de transição", segundo a nota divulgada.
Outros países europeus convocaram os embaixadores do Egito em suas capitais para condenar o uso da força.
"Hipocrisia"O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou uma "matança muito grave" no Egito e pediu que sejam tomadas ações. O premier também criticou a "hipocrisia" da comunidade internacional.
Erdogan, chefe do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de inspiração islâmica, atacou desde o início a destituição de Mohamed Mursi, a qual classificou de "golpe de Estado" - ao contrário da postura prudente adotada pelas nações ocidentais.
Mais tarde, também nesta quinta, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu uma investigação "independente, imparcial, efetiva e confiável sobre as atuações das forças de segurança". Ela declarou ainda que aqueles que foram considerados culpados "terão de responder".
Já o Papa Francisco disse que reza pelas vítimas da violência no Egito e "pela paz, pelo diálogo e pela reconciliação" nesse país.
Na América Latina, a Argentina condenou "a brutal repressão" no Egito e exigiu das autoridades o "fim total e imediato" da violência. O Chile manifestou, por sua vez, "sua profunda preocupação e rejeição ao deplorável aumento dos atos de violência".
A China também expressou "grande preocupação" com a situação no Egito, e a Rússia recomendou a seus cidadãos que evitem viajar para esse país, diante dos "distúrbios" que afetam as zonas turísticas. Segundo uma agência russa para o Turismo, há cerca de 50 mil turistas russos no Egito.
Ontem, após os confrontos, o Egito fechou por tempo indeterminado a passagem fronteiriça com Gaza, em Rafah, na península do Sinai.
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